objetivos
O curso visa a considerar as práticas imagéticas e textuais como representações de personagens da história romana nos séculos I a.C. e I d.C.. Para tanto, parte da constituição de procedimentos retóricos e poéticos para o discurso verbal e da preceptiva pictórica e escultórica na Roma Republicana e Imperial para aferição do discurso não-verbal. Dada a escassez desta última, resgatar-se-á certa forma mentis romana a partir da consideração de um vocabulário imagético, que, como consuetudo e ius, delimita a recepção apta para esse tipo de linguagem, e daí, explorar-se o efeito produzido por essas representações, isto é, a recuperação das afecções da recepção e as finalidades dessas linguagens dentro do poder público constituído no período.
justificativa
Como a interseção entre linguagens é hoje alvo de vários estudos nas mais diversas épocas e sociedades, é necessário que, num programa de pós-graduação em Letras Clássicas, se forme este tipo de reflexão interdisciplinar que atente para práticas artísticas dentro de uma visão mais eclética e geral, observando-se pontos comuns e divergentes dentro da perspectiva do uso das linguagens na sociedade clássica, mais especificamente, romana. Mais do que a simples aferição de procedimentos técnicos, é fundamental a recuperação das afecções que caracterizam a fruição das obras imagéticas e textuais, pois essa delimita certo tipo de público para o qual eram produzidos os textos imagéticos e verbais.
conteúdo
1. Questões Metodológicas I: História literária e historia da arte. As marcas da descontinuidade das representações. A impossibilidade de existência de "o Clássico"
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a. Plínio, o velho - História Natural, Livros XXXIV, XXXV e XXXVI
b. Marcas da elocutio nas representações arcaica, clássica e helenística
i. O geométrico
ii. As kórai e os kouroi.
iii. O movimento clássico
iv. O cânone de Policleito
2. Questões Metodológicas II: Homologia entre o discurso verbal e visual: Uma doutrina
a. Aristóteles: Arte Poética, Arte Retórica, Política
b. Platão: A República, O Sofista
c. Cícero: O Orador, Sobre o orador, Sobre a invenção
d. Horácio: "Vt pictura Poesis"
e. Quintiliano: Instituições Oratórias, Livro XII.
3. Realismo e Idealismo. Público e privado. Marcas da elocutio. Virtus e uitium.
a. A tradição itálica - Identidade entre modelo e representação
b. A tradição helênica - Ausência de modelo
4. Éthos e páthos: Afecções. Disposição anímica: Phantasiai.
a. Aristóteles: Sobre a alma, Livro III.
5. A dicotomia entre alma e corpo. A fisionomia como reflexo da alma. Os tratados de Fisiognomonia. Verossimilhança e Fides. Efeito de Verdade.
6. As biói ou uitae: a historiografia como gênero do retrato escrito. Narratividade e Descritividade. A retórica epídititica:
a. Anônimo, Retórica a Herênio
b. Menandro, o retor, Dois Tratados de Retórica Epidítica
7. A moeda como instrumento de propaganda política: a circulação do poder.
a. O meio circulante.
b. As oficinas e a cunhagem
c. Possibilidades de representação
8. O passado como memória. O poder privado das máscaras mortuárias e o rito dos antepassados.
a. Políbio - História, Livro VI
b. A extensão do poder público ao domus. Os retratos de Fayoum.
c. Exempla como Argumentatio
9. O presente como poder. "Certa microfísica" do poder. Monumento e Documento.
a. Res Gestae Divi Augusti
b. A coluna de Trajano.
c. Colossum de Constantino.
10. O futuro como perpetuação das imagines: Ars longa. A representação dos Deuses:
a. Hinos Homéricos - Apolo e Zeus
b. Poesia Lírica - Afrodite
c. Elegíaca - Eros/Cupido/Amor
d. Priapéia Grega e Latina - Priapo
11. A divinização dos imperadores: Vita breuis. O deus como imperador e o imperador como deus. O Sublime.
a. Augusto/Júpiter do Hermitage
b. Augusto/Netuno do Museum of Fine Arts, Boston
c. Augusto/Apolo do Museu Arqueológico de Tessalônica e do Museu do Teatro Romano de Arles
d. Augusto em:
i. Propércio
ii. Horácio
iii. Virgílio - A Eneida, Canto, VI
iv. Ovídio
12. A parataxe e a hipotaxe na representação. Sintaxe das representações.
a. A táxis das tessarae nos mosaicos
b. A táxis dos mistos: A cobra Glikon. O Hermes-Thot. A Esfinge.
c. Homologia entre o Império Romano e Carolíngio. A sintaxe da "Cruz de Lotário"
i. Dispositio/táxis como argumentatio.
13. Euidentia e ekphrasis - Descriptio e narratio: Descritividade e narratividade
a. Homero - Ilíada
b. Virgílio - Eneida
c. Salústio - Conjuração de Catilina